Os 3 Fatores que Definem a Necessidade de Caixa de sua Empresa

Capital de Giro

Longe de ser uma atividade isolada na empresa, a gestão do caixa é afetada por qualquer mudança nos processos e diretrizes da empresa. Entender a dinâmica que afeta o seu caixa, seus riscos e benefícios é que vai definir sua capacidade de adaptação em momentos de crise.

A administração de uma empresa compreende a tomada de decisão sobre diferentes aspectos do negócio e a soma dessas decisões se reflete nos dois principais indicadores de gestão do negócio: rentabilidade e liquidez.

Rentabilidade
É quanto de retorno o acionista consegue num período sobre o investimento feito na empresa. “Como numa aplicação financeira, posso investir $100.000 hoje e ao final de um ano conseguir $110.000, uma rentabilidade de 10% no ano.”

Liquidez
É a capacidade da empresa em conseguir honrar seus compromissos na operação, ou seja, ter dinheiro suficiente para pagar as despesas até que receba suas receitas de vendas.

A gestão do caixa da empresa afeta esses dois indicadores: quanto mais dinheiro deixo disponível no caixa, menor é a rentabilidade da empresa (o acionista coloca muito dinheiro para ter o mesmo resultado), por outro lado quanto menor o dinheiro disponível no caixa, maior o risco de liquidez (não ter dinheiro ou crédito disponível para honrar seus compromissos até o recebimento de suas vendas). Mais do que saber como apurar a necessidade de caixa do negócio, é fundamental entender porque esse capital de giro operacional aumenta ou diminui, e como ele pode ser administrado para a melhora da rentabilidade do negócio, num nível seguro de liquidez.

Nessa dinâmica de caixa são três componentes que definem o capital de giro necessário na operação: contas a receber, estoque e contas a pagar. É a matemática desses fatores que nos dá o chamado ciclo financeiro da empresa.

Imaginemos a grosso modo uma empresa que:
(a) Vende para receber em 45 dias;
(b) Mantem seus produtos em estoque por 20 dias em média;
(c) Paga seus fornecedores num prazo de 10 dias.

O capital de giro dessa empresa será o montante de caixa que suporte a operação por 55 dias (a + b -c) O aumento ou redução nesses dias altera diretamente a necessidade de capital do negócio. Entender o que influencia esses prazos e qual a capacidade do gestor em alterá-los é o que vai definir o capital de giro ideal para a empresa.

Contas a Receber

Os prazos de recebimento da empresa normalmente são estabelecidos em suas políticas de crédito e devem estar alinhados a estratégia de marketing da empresa. Dependendo da estratégia competitiva (diferenciação ou baixo custo), fatores como distribuidores exclusivos ou recebimento via cartão de crédito podem influenciar diretamente nos prazos.
Monitorar seus prazos de recebimento e conhecer as políticas comuns em seu setor é o primeiro passo para avaliar se você está dentro ou fora do jogo.

Estoque

O estoque necessário para operar o negócio é influenciado diretamente pela: natureza do processo produtivo, necessidade de estoque intermediário na produção, e tempo de estoque nos distribuidores e pontos de venda. Quanto mais tempo a empresa gasta para receber matérias primas, produzir e manter estoque nas lojas, maior o dinheiro necessário para girar esse estoque.

O quanto investir para ter um processo produtivo mais eficiente, ou quanto reduzir no estoque da loja depende também da estratégia competitiva da empresa.

“Talvez um grande varejista de moda não se importe em ter todos os tamanhos de calça jeans disponíveis em sua loja, mas e se sua loja for exclusiva, com um tipo único de produto e um preço premium?”

Ter claro sua estratégia e conhecer as médias de estoque de empresas de mesmo perfil pode indicar se você está ou não no caminho correto.

Contas a Pagar

De forma inversa aos anteriores, contas a pagar é uma rotineira fonte de financiamento de capital de giro. Quanto mais prazo eu tenho para pagar meus fornecedores, menos caixa eu preciso para girar o negócio. Nesse caso, porém as práticas de pagamento são definidas muito mais pelo setor onde a empresa atua do que pela sua ação direta. Quando existem poucos fornecedores para o que você precisa, ou poucos produtos substitutos para sua matéria prima, o poder de negociação sai das suas mãos.

 

Ao final, o que é preciso ter em mente é que a diminuição do ciclo financeiro e consequentemente da necessidade de capital de giro não depende apenas de uma vontade da área financeira da empresa. São as mudanças na estratégia de marketing, no investimento na produção e alterações nas forças que regem os fornecedores é que vão determinar onde há espaço para diminuir a necessidade capital.

Entenda a estratégia de sua empresa, apure seus indicadores e os compare com o setor. Esse é o primeiro passo para você avaliar onde você pode focar para girar o caixa de forma mais eficiente.

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *